"Seja a mudança que você deseja ver no mundo." - Mahatma Gandhi

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Agências de rating: o jogo político e monetário


Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha, Itália, Bélgica, Polónia e Finlândia. Todos estes países estão a ser alvo das agências de rating norte-americanas, e, por consequência,  alguns já a sofrer brutalmente com as medidas que são impostas pelas instituições financeiras. Os três primeiros países foram obrigados a pedir intervenção externa por causa da especulação dos mercados (que gera muito dinheiro a alguns) e da União Europeia.

Mas o que são as agências de rating?
São empresas com uma única função: avaliar a capacidade de uma empresa ou Estado pagar as suas dívidas no prazo acordado. Esse diagnóstico determina os juros exigidos pelos credores para emprestar dinheiro a qualquer entidade. Na prática, essa avaliação tem impacto em toda a economia. Ou seja, decidem se deitam ou não a economia mundial abaixo!
Relativamente ao método de funcionamento das agências pode ser considerado perverso. O facto de serem pagas pelas entidades que estão a avaliar pode configurar um conflito de interesses. Apesar de os valores não serem divulgados, são quantias muito elevadas. E por isso, elas descem mais facilmente o rating de países periféricos do que de economias de maior dimensão, onde estão sedeadas grande parte das empresas que lhes pagam para as avaliarem.

Existem 3 grandes agências de notação financeira (todas americanas), que dominam 95% de todo o mercado: Standard & Poor´s, Moody's Investor Services e Fitch Ratings. É bom lembrar que foram essas agências que provocaram a crise em 2008, quando cortaram o rating do, agora falido, banco Lehman BrothersPor outro lado, relativamente ao mercado mobiliário, que também resultou nesta crise, as agências continuaram a conceder ratings máximos (AAA) a produtos tóxicos, mesmo depois de a bolha imobiliária ter rebentado. Foram revelados documentos que provam também que as agências sabiam dos problemas no mercado imobiliário desde 2006 e não os fizeram reflectir nos ratings.



E agora, tudo por causa das agências de rating:
A Grécia persiste na saga de um resgate europeu que até agora só fez de conta que o era, aliás à semelhança de quaisquer outros talhados à medida dos credores. A Irlanda segue a Portugal na descida para uma classificação da dívida ao nível de lixo. A Itália disfarça com a apresentação de medidas de austeridade, aparentando antecipar o turbilhão de uma crise a que seguramente não escapará. A Finlândia, ainda AAA, estreia-se timidamente nas notícias, com sublinhados de falta de competitividade, problemas de sustentabilidade da segurança social e endividamento elevado. Também a França, que espreita titubeante o crescendo dos seus juros de dívida, lá chegará. E com ela, ou antes dela, a Alemanha, quanto mais não seja na inteligência da garantia dos salvados.
Papandreou, já veio dizer que vai ser necessário criar um novo acordo!
A vigilância negativa em que foi colocada a dívida (a economia) americana, tão merecida quanto antigo é o problema, tem a capacidade de produzir efeitos elevados à potência, e augura o pior possível para a Europa.
Os mercados, hoje muito distantes do conceito de troca, de necessidade e de vantagem mútua, não assentam mais em pressupostos reais, mas antes em anúncios de vantagem e de risco. O problema da dívida americana existe, é grave e é antigo. Mas o que precipita a crise é sobretudo o anúncio de que "o rei vai nu".
Os riscos são verdadeiros, como é verdadeiro o nível exorbitante da dívida americana. Mas é sobretudo o apontar de dedo, num exercício súbito e hipócrita, que forma as entropias financeiras impeditivas da sua correção.

Aqui, o comentário de um jornalista da SIC:

Fontes:
http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=23570
http://noticias.sapo.pt/info/artigo/1167035.html
http://aeiou.expresso.pt/os-colossos-tambem-se-abatem=f661824
http://www.ionline.pt/conteudo/117681-agencias-rating-tres-gigantes-capazes-derrubar-governos

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